sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cultura Brasileira

Capoeira: Um gingado que veio da África

Por Vivaldo Simoneto - artista plástico
Sidnei Gonçalves Dias é um educador nato amante da capoeira, 31 anos, formado no cordel verde, amarelo, azul e branco. O profissional, que há sete anos trabalha com capoeira, já prestou serviços pela Brigadas do Trabalho e atualmente trabalha pela Prefeitura Municipal e desenvolve projetos de capoeira nas escolas públicas e bairros. O movimento capoeirista já existe há muito tempo em Assis Chateaubriand, hoje há quatro grupos ativos.
Segundo “Sabotage”, como é chamado no meio capoeirista, relata que a capoeira é bem vista e tratada pelo Poder Público. As apresentações dos grupos são restritas e não muito freqüentes, pois a maioria dos integrantes são menores de idade e exige uma atenção muito grande e muita responsabilidade, apenas em ocasiões especiais como “Natal”. “Assim como na época da escravidão, a capoeira hoje ainda não é bem entendida pela população por não conhecer o real valor e os benefícios (condicionamento físico e disciplina) que a capoeira traz a uma pessoa e para com a sua comunidade. Algumas pessoas ainda sem informações questionam a capoeira e isso acaba nos entristecendo, a capoeira é uma cultura ‘raiz’ , com vários elementos artísticos e que todos podem desfrutar, independente de classe social ou raça. Continuamos na luta, e aos poucos estamos conquistando o nosso espaço merecido”, desabafa Sabotage.
O preconceito em relação ao movimento capoeirista vem sendo debatido dia após dia, e cada vez mais ela está sendo implantada nas escolas, faculdades e em países estrangeiros. Esta que por sua vez é sempre mais valorizada, apesar de todo trabalho que vem sendo feito com a capoeira, a língua portuguesa também é bem valorizada, pois se torna obrigatória o uso da língua portuguesa nos golpes e cantigas.
“É gratificante trabalhar com as crianças, não há dinheiro que pague o sorriso de um aluno que aprende um movimento e se tem um retorno positivo, isso é muito bom pra quem é professor de capoeira. No meu grupo somos contra qualquer tipo de drogas e bebidas em excesso”, finaliza.
Atos como este de determinação, perseverança por uma causa em beneficio de tantos nos mostram como o movimento pode trazer um reconhecimento pessoal e a representatividade de uma cidade. Em Curitiba, no último dia 13, aconteceu o 5º Campeonato Interestadual Arte e Raça de Capoeira, que na oportunidade o aluno Lucas de Almeida, de apenas 12 anos, conquistou o primeiro lugar na categoria de 12 a 14 anos, tendo disputado com mais oitos meninos de sua categoria. Lucas teve o apoio do vereador Valcir dos Santos.

Sobre a capoeira
Considerada como uma expressão corporal e cultural, uma mistura de movimentos, dança, música e cultura popular, a capoeira surgiu do movimento afro-brasileiro, trazida de Angola para o Brasil logo depois do século 16 em várias regiões da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e ainda São Paulo. A capoeira “original” que era praticada na África era considerada sim uma luta, mas quando os negros aqui chegaram trazidos para trabalhar nos engenhos e no café, temiam seus senhores e começaram a incorporar a luta com cantos de sua terra, fazendo com que os movimentos obtidos na capoeira fossem ficando mais lentos e acompanhados do gingado de suas canções, fez com que se tornasse uma cultura, uma dança! Hoje, quem vê crianças, adolescentes e jovens jogando capoeira nas ruas jamais iriam pensar que um dia este “movimento” foi praticamente proibido no Brasil por ser uma expressão de raízes negras, sendo mal vista e interpretada com perigosa. O motivo desta proibição é proveniente de más interpretações que a sociedade já tinham a respeito da capoeira, e chamavam bandidos e malfeitores de “capoeiras”, após a libertação dos escravos muitos negros libertados não tinham como sobreviver e acabaram na marginalidade. Já no século 19 o “movimento” foi proibido por muito tempo. O Presidente Getúlio Vargas resgatou esta “identidade” como um novo conceito para a sociedade convidando um grupo de capoeira para se apresentar oficialmente no Palácio do Catete, assim a capoeira voltou a ser praticada no Brasil.
Muitas pessoas gostam até acham muito interessante, até entendem ser puro folclore, longe de ser confundida com artes marciais (a capoeira apenas simula uma luta e existe interação e respeito com o parceiro) e que a capoeira é um tipo de esporte de muita qualidade e que exige do participante muita habilidade e esforço. O problema é que justamente os professores não têm nem lugar pra praticar e divulgar o movimento, muitos acreditam que a capoeira não é bem vista pela sociedade, porque seus movimentos simulam passos de lutas e incentivam indiretamente a violência, e que isso pode afetar de alguma forma toda uma sociedade. Mas tudo depende de vários fatores que possam estar em volta desse “movimento”, como por exemplo, o comportamento, classe social, mídia "background" familiar, e a opinião da sociedade, embora a capoeira seja um movimento capaz de tirar muitas crianças e adolescentes das ruas e das drogas.
A capoeira, além de estar sendo “vista” de maneira equivocada, pode e deve ser entendida como uma arte, um folclore, uma dança! O gingado é a base da capoeira. É um movimento ritmado que mantém o corpo relaxado e o centro de gravidade em constante deslocamento. A partir do gingado surgem os outros movimentos de ataque ou contra-ataque. Os jogadores nunca estão parados e isso torna a capoeira muito bonita de se ver.

Críticas e ameaças

Intimidade ameaçada põe em evidência o preconceito
Espantoso como a mídia tanto ela sendo escrita como falada ou pela televisão, podem fazer com a vida de uma pessoa, mais incrível ainda é que ficam correndo atrás de qualquer notícia que possa virar manchete, isso independente se esta notícia vai ou não prejudicar vida pessoal e profissional de quem está sendo colocado em “evidência”! Um dos fatos que tem sido noticiado na mídia é o caso do volante/ lateral/meia do São Paulo, Richarlyson onde afirmações dão conta que o jogador seria homossexual, sem contar que o seu novo visual um aplique que colocou em seus cabelos não agradou a torcida. Difícil é acreditar que este simples fato tem causado tantos comentários e ofensas maliciosas contra este jogador, a reação foi tão grotesca que comunidades do Orkut estavam se organizando em ações agressivas contra ele, engraçado é como as pessoas ainda fazem tanto barulho desordenado em relação ao que só se diz respeito a própria pessoa e a ninguém mais! As ofensas são inúmeras que se espalham por toda rede da internet, principalmente no Orkut onde as ofensas são variadas até comunidades tiveram tempo de criar uma delas é “O Richarlyson dos Bambi é Gay” brincam de dar nome à polêmica dança do jogador. “Funk dos bixinhas!!”, diz um deles. “Bichisse desenfreada”, arrisca outro, é só navegar um pouco para se deparar com tanta “babozeira” não consigo imaginar que pessoas tem tanto tempo assim para ficar falando mal da vida alheia. Este fato tomou rumo avassalador em 2005 quando em uma comemoração de um gol o jogador e alguns de seus colegas fizeram uma empolgada “dança da bundinha”. Em meio a tantas agressões direcionadas apenas a uma pessoa, o que podemos dizer então em ralação a tanta violência encontrada nos estádios de futebol e nas torcidas organizadas? Um esporte que deveria ser usado para diversão e entretenimento, acaba sendo motivo de “baderna” onde uns e outros não vão apenas para se divertir com a família e sim para mostrar que é “macho”. É preciso lembrar que “talento” não escolhe profissão, e pelo visto muitas pessoas ainda não sabem disso, e não param para pensar que em toda e qualquer profissão sempre terá sempre alguém “diferente” e que será o destaque. As pessoas não conseguem aceitar o sucesso alheio muito menos que um homossexual pode ter uma vida de sucesso como qualquer outra pessoa que seja talentosa!

"Aquele que reconhece o valor de alguém pelas batalhas que enfrenta, e não pelo que aparenta, jamais será um preconceituoso!”

Autor: Vivaldo Simoneto - Artista Plástico

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um legítimo representante da música caipira

Lançamento

O cantor e compositor Heros Dellavegas lança seu primeiro CD “O Compositor da Lua”. O lançamento será realizado no dia 21 de dezembro de 2009, às 20h30, no Centro Cultural Gilberto Mayer, em Cascavel. Ingressos: adultos e crianças a R$ 10 no local do show.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Diário de um automóvel

Sou bonito, prático e veloz feito de lata e fibra, tenho quatro pés e dois braços e até quatro, no meu interior é muito confortável e acomoda perfeitamente no máximo seis pessoas, no passado fui um personagem de luxo em que poucos tinham condições em me adquirir, agora me tornei tão popular que sou o sonho de consumo para muitas pessoas; imagine que muitos até passam a vida se dedicando, poupando para me comprar, pagam aluguel a vida toda mas não se desfazem desse sonho! Fui inventado para facilitar suas vidas, mas se esqueceram disso! Sou muito querido entre eles e tem quem diga que sou uma outra família pra cuidar, as vezes me dão mais valor do que uma pessoa da própria família. Começam comprando um “velho” mas querem chegar a um 0km, a época muda as pessoas mudam e com elas as maneiras de viver, o meu design sempre está em mudança todo ano um lançamento novo, mas se esquecem que eu sou sempre o mesmo, continuam me usando como “máquina mortífera”.
As pessoas são obrigadas a tirar seu “passe livre”, estudam fazem aulas, aprendem tudo certinho, mas quando estão comigo, fazem tudo errado! Sou potente e tenho que respeitar limites de velocidade no máximo 60km por hora, eu deveria ser guiado na mão correta de circulação, mas muitas vezes arriscam uma contra-mão colocando em risco suas próprias vidas! Tenho dispositivos que comandam o meu funcionamento geral, embreagem, acelerador e freios!
Tenho lanternas e setas que deveriam ser usadas quando necessário, mas muitos a deixam ligadas. Ao meu redor existem vários como eu, tantos que chegam a possuir em média dois automóveis por família, meus companheiros de trânsito são diversos, incluindo os quem eu mais deveria respeitar os ciclistas e os pedestres, mas...eu sozinho não saio do lugar! As vezes estes ciclistas me atrapalham um pouco quando andam em grupos no meio da pistas, cai entre nós alguns realmente abusam mesmo! E os pedestres que andam no meio da rua, ao invés de estarem andando nas calçadas, tenho que me ver em apuros para não atropelá-los isso quando quem está me guiando tem esta consciência. Eu gostaria muito de respeitar os meus limites, mas parece que eles querem cada vez mais ver até onde eu posso ir, então eu me transformo em uma poderosa “arma engatilhada” arriscando vidas alheias e a de quem está me guiando.
Mas o que eu posso fazer? Parado na garagem não apresento risco algum, mas quando colocam a chave na ignição e me ligam, me tiram bem devagarinho para não me arranhar no portão, mas quando estão nas ruas esquecem que posso me arranhar em postes, muros, arvores e até dar umas capotadas por ai ou então machucar alguém na rua, que não é muita novidade!
Eu não penso assim apenas queria facilitar suas vidas mas parece que estão sempre com pressa, nos dias de chuva então é uma loucura...todos resolvem sair ao mesmo tempo se suas casas atrasados e com pressa, param em frente aos colégios e deixam as portas abertas até mesmo pra bater papo, tem uma das coisas que eu não gosto é que me usem para jogar lama nas pessoas que estão na rua em dias de chuva! Ah sabem aquelas faixas brancas que tem nas ruas...é isso mesmo a faixa de pedestre, muito poucos param nelas para as pessoas atravessarem, ou quando param ...em cima delas e as pessoas não tem como passar! Me usam para fazer “rachas” para ver quem é mais veloz!Eu não sou assim, mas me usam para matar, onde sempre na maioria das vezes acabo indo pro ferro velho e nem sobra ninguém pra contar a história! Enfim este é meu diário, não sou tão mau assim...são os humanos que estão na direção e me transformam em uma “máquina mortífera”...ah...meu nome? Desculpe...falei tanto que me esqueci de dizer meu nome...meu nome é Automóvel.

Autor: Vivaldo Simoneto
Artista Plástico