quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apenas um vestido vermelho

Entre xingamentos, insultos e humilhação, a estudante de turismo Geisy Arruda, da Universidade Bandeirante (Uniban) foi fortemente escoltada por policiais, por transitar pelos corredores da universidade usando um vestido vermelho de lycra. Segundo declarações, o mesmo subia ao caminhar causando alvoroço entre os estudantes.
O episódio, que aconteceu no dia 22 de outubro, foi amplamente exibido pela internet e divulgado por todos os veículos de comunicação, inclusive com repercussão no exterior.
O tumulto que surgiu por um motivo tão banal, revela o quanto as pessoas ainda têm o mau hábito de se importar com a vida alheia. “Não estamos no Oriente Médio”, dizia o pai da moça; estamos no Brasil, mas acontecimentos como este tem mostrado o contrário, onde as pessoas não têm mais o direito de ir e vir como desejam. Não estou tomando partido de ninguém, nem defendendo nem criticando, apenas colocando meu ponto de vista que o fato não era pra tanto. Se ela ganhou mídia como todos alegavam que era o que queria, é porque todos colaboraram para que fosse projetada na mídia. Se as pessoas não se importassem com o “umbigo alheio” a bela moça apenas seria mais um personagem diferente em uma universidade, como existem vários outros personagens diferentes em meio à sociedade, onde cada um tem seu estilo e personalidade própria e que deve ser respeitado. O “meu direito termina onde começa o direito do outro” e se cada um cuidasse de sua própria vida, muitos conflitos seriam evitados. Mas, incrível, é que acham que os outros é que estão errados e nunca eles, o diferente é que é feio e nunca eles, acham que pra uma pessoa estar integrada em um grupo específico ela tem de se adaptar ao grupo seleto, e nunca eles podem aprender a conviver com as diferenças. Sinto indignação em saber o quanto somos preconceituosos, um país que tem um belo Hino Nacional, mas onde podemos encaixar a frase do Hino - “Se o penhor dessa igualdade conseguimos conquistar com braços fortes”.
Onde está esta tão clamada igualdade? Onde está a garantia que podemos ter esta tão sonhada igualdade?
Parece que estamos longe de sermos irmãos, de respeitarmos o diferente, não somente a igualdade social mas também a igualdade entre os sexos, entre brancos e negros, entre pobres e ricos, seja quem for. O pior é que se acaba pagando um preço alto por ser diferente, porque desde cedo as pessoas não são educadas a respeitar e conviver com o diferente, fazendo com que este “diferente” seja pior de todos os seres; precisamos entender e aprender a aceitar o diferente e tirar desse diferente o melhor que ele tem para nos oferecer! Até onde vão as agressões aos sentimentos do ser humano? Até onde podemos ser nós mesmos sem que isso seja um problema para o próximo? Até onde?...

Autor: Vivaldo Simoneto
(artista plástico)

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